APARIÇÕES E DESAPARIÇÕES NO MINERALOCENO

Aparições e
desaparições
no Mineraloceno

João
Castilho

Apresentação

Aparições e Desaparições no Mineraloceno é um projeto de fotografia contemporânea realizado em Minas Gerais, na região do Quadrilátero Ferrífero. Nesta área se encontram ao mesmo tempo a maior concentração de minas a céu aberto do mundo, o Barroco Mineiro, o Instituto Inhotim e uma densa teia de relações entre humanos e não humanos. Uma extensa região ao sul de Belo Horizonte – que vai de Brumadinho a Itabira, passando por Congonhas, Ouro Preto e Mariana – onde a mineração, a arte e os ecossistemas convivem há mais de três séculos.


O projeto se dedicou à criação de obras visuais de base fotográfica que abordam esteticamente as relações entre a transformação ininterrupta desse território – ocasionadas pela atividade extrativista – e as camadas sensoriais desse processo – encarnadas na arte e na paisagem exuberante que ainda resta. Estão aqui apresentadas uma série fotográfica, dois dípticos, três polípticos e quatro colagens. 


O Mineraloceno é um espaço (quadrilátero ferrífero) e um tempo (os últimos três séculos) que abriga uma intrincada trama multiespécie. Um lugar e uma época onde as degradações ambientais coexistem com a opulência das igrejas, as obras de arte sacras, as instalações de arte contemporânea, as montanhas, os rios, as cachoeiras, a atmosfera, os animais, os vegetais e os minerais. 


Junto a cada um destes existentes está um emaranhado de ligações e uma infinidade de sensações. Uma paisagem multiespécie onde o metal atravessa todas as esferas. No Mineraloceno todo ser está imbricado em uma complexa teia de conexões. O mundo é um lugar onde humanos e não humanos estão em permanente colaboração, contato e fricção. Este projeto quer pensar a Terra como um nó em movimento, mas a partir de histórias localizadas. Imaginando que assim podemos estar atentos para sua preservação, sua continuidade e sua regeneração.